O FEITIÇO DA ÁGUA






Cobriste-me de dogmas e de ideias,

Ingénuas, umas, outras, consistentes.

Conheces as razões por que as semeias

E a ti te contradizes, se as desmentes.



À luz, porque a procuras com candeias?

Às trevas, se as houver, por que as consentes?

Nas malhas que teceste, por que enleias

Fios que eu desenredei, usando pentes?



Vens cobrir-me de um pó viscoso e espesso,

Mas a minha vontade não tem preço

E bem me basta o pó de cada dia.



Leva contigo o visco que te sobra,

Que eu não sirvo de pau pra toda a obra.

Antes serei maré. Mesmo vazia.











Maria João Brito de Sousa – 19.04.2018 – 14.07h







Imagem retirada da net, via Google

Comentários

  1. Deixando o meu sincero elogio por tão belo poema.
    .
    * Criança brincando ... em interno lamento. *
    .
    Cumprimentos poéticos.

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  2. Bom dia. Poema lindo de mais. Adorei. Obrigada pela partilha. :))

    Hoje:- O teu convite surreal.

    Bjos
    Votos de um bom Sábado

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    1. Muito obrigada, Larissa.

      Chego tarde para lhe desejar um bom fim-de-semana, mas desejo-lhe um bom 25 de Abril.

      Um beijinho

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  3. Ainda que o mar seja inspirador
    e a lua uma eterna feiticeira,
    é necessário ter muito talento,
    muita sensibilidade poética,
    para exprimir os sentimentos
    desta forma tão bonita e verdadeira.

    Adoro os seus Sonetos, Maria João.

    Há muito que a leio no "Conversa Avinagrada", mas só agora me apercebo do quanto são belos os seus poemas. Fico por aqui a ler e sinto cada palavra na profundidade daquilo que transmite.
    Aqui não há jogo de palavras... há sentimentos que transbordam...Obrigada!

    Beijinhos, boa semana.

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    1. Muito obrigada, Janita.

      Boa semana e um festivo 25 de Abril.

      Beijinhos

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  4. um soneto deveras inspirado e muito bem construído.
    gostei!
    continuação de boa semana.
    bom feriado.
    beijinhos
    :)

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    Respostas
    1. Muito grata, Piedade.

      Peço desculpa por só agora (co)responder, mas criei este blog essencialmente para poder comentar um ou outro blog desta plataforma sem ter de recorrer à opção do anonimato. Passam-se dias e dias em que nem sequer me recordo dele.

      Beijinhos

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  5. Muito boa tarde. A "culpada" de aqui chegar é a nossa comum Amiga Janita essa alentejana desnaturada que se disfarçou de portuense, Para o que lhe havia de dar... Tal tá a moenga, comadri... É que ê cá sou mêo alentejano a minha mãe era de Portalegre o mê pai do Cartaxo e até falo alentejanês quando me dá na veneta... :-)

    Pois como diria o Cézar que também era Julius cheguei, vi e gostei. Gostei sim senhora.. Eu sou mais prosa como poderás ver no meu http://anossatravessa.blogspot.pt, pois sou jornalista (cheguei a chefe da Redacção do Diário de Notícias) e escrevinho uns livrecos. Tudo está lá escarrapachado. Mas também gosto, naturalmente, de poesia. Da boa, como é a tua. Nem preciso de te dar parabéns. Gosto, apenas.

    Vai daí vou já inscrever-te na lista dos blogues que sigo e fico à espera de te ver lá no meu covil o que será para mim muito agradável pois aos 76 anos com o toutiço ainda dentro do prazo de validade continuo a gostar de fazer amigas e amigos. e já agora, depois de me depedir, deixo-te uma informação

    Muitos qjs (qjs = queijinhos = beijinhos) deste teu novo amigo
    Henrique, o Leãozão
    _________
    Venho dedicando nestes últimos tempos bastante atenção aos monumentos megalíticos, nomeadamente aos que existem em Portugal que são muitos e pouco conhecidos do grande público. Daí que a Nossa Travessa publique um novo artigo que aborda o Cromeleque dos Almendres que é o maior da Península Ibérica e fica situado a cerca de 11 quilómetros de Évora

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    Respostas
    1. Fico muito grata, amigo Henrique .

      Também eu tenho uma costelazita alentejana, por parte do pai da minha mãe, e embora esteja com quase tudo muito, muitíssimo fora do prazo de validade, estou convicta de que o toutiço ainda me vai funcionando bastante razoavelmente.

      Já que me deixa queijinhos, também eu lhos envio. Têm é de ser destes, metafóricos, que eu, na vida real, sou muito, muito pobrezinha. Uma verdadeira obsolescência do sistema.

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