NAQUELA NOITE



Naquela noite, toda a noite riste.

Eu, mera narradora do que observo,

Observava-te inteiro, nervo a nervo,

Curiosa, inda que absorta, inda que triste.





Naquela noite, nem sequer me viste,

Não foste o meu senhor, nem o meu servo,

Foste a razão de ser do que eu preservo

E o pouco que de ti em mim persiste.





Não sei do que falaste. Eu não falei.

Olhei-te tanto quanto a mim me olhei

No espelho do teu sono e do teu riso





E quanto mais te olhava, mais preciso

Se me tornava olhar-te como olhei,

Nessa noite em que riste e eu não chorei.









Maria João Brito de Sousa – 10.04.2018 – 11.11h

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