"IMAGINE"




Imagine-se a dor da companheira,


Da mãe que o concebeu, da sua irmã,


A angústia da família, toda inteira,


Que foi vê-lo partir nessa manhã,







Imagine-se a bela cigarreira


De que Pessoa fala, intacta e vã,


Caída mesmo ali, à sua beira,


Como um grito de paz na terra chã.







Imagine-se o todo, em pormenor;


A surpresa, a revolta, o espanto, a dor


E o buraco negro que os sucede.







Imagine medir, se capaz for,


A grandeza, o tamanho desse horror


Que eu tenho para mim que se não mede...














Maria João Brito de Sousa – 16.04.2018 – 13.11h











Na sequência da leitura de um poema homónimo de António Manuel Esteves Henriques










Comentários

  1. Imensurável é a beleza destes Sonetos escritos no «Fio da Navalha», que me trouxeram à memória Somerset Maugham. Amanhã irei procurar por ele; o livro. :-)
    Gostei muito de cá vir, Maria João.
    Voltarei com prazer.

    Um beijinho.

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    Respostas
    1. Bom dia, Janita :)

      Não actualizo este blog muito frequentemente, por falta de tempo epor toda a ferrugem que fui acumulando ao longo destes quase onze anos e que , agora, me impede de me dispersar muito por aí, sob pena de deixar mesmo de escrever e de me actualizar sobre o que vai rolando vertiginosamente por esse mundo afora.

      Crei este blog essencialmente para me não ver obrigada a comentar sob anonimato nos blogs da Google, mas farei o possível por deixar um ou outro soneto, sempre que para tanto me sobrem forças.

      Obrigada e um beijinho.

      Eliminar

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