TOO FAR AND TOO SOON






(Soneto em decassílabo heróico)




Sem espaço para ter privacidade,

Nem tempo pr`a pensar e reflectir,

Vai a espécie tentando evoluir

Sobre as cinzas da própria sanidade



E, atrocidade sobre atrocidade,

Vai conseguindo, o homem, prosseguir,

Sem poder vislumbrar, nem discernir,

Que vai perdendo a sua identidade.



Quanto nos restará de liberdade?

Que pergunta tão tola hoje me invade

E porque teimo sempre em resistir



À mais que inconcebível quantidade 

De gente que entroniza uma igualdade

Onde ela está prontinha a sucumbir?





Maria João Brito de Sousa – 09.01.2018 -12.45h




Comentários

  1. Olá, Maria João, senhora escritora!

    Encontrei um comentário seu no "Brincando com as Palavras" e achei-o curioso. Decidi vir ver o que havia por cá, no seu espaço. Deliciosamente encantada, digo-lhe! Ainda há gente, que sabe escrever, deste modo. A senhora não brinca com as palavras, ah, isso não! Morfológica e semanticamente, tudo perfeito.

    Logo pelo título, que decidiu dar ao seu blogue (que belo e moderno Design!), se vê que tem conhecimentos académicos vastos e bem consolidados. (O) Fio da Navalha, lembrou-me, de imediato, o escritor Somerset Maugham, autor da obra tão interessante e carismática, atrás citada.

    Minha querida escritora, acha que algo está demasiado longe e tão perto (não sei se esta é a tradução mais correta, não sei) ? Bem, estudou Físico-Química e sabe bem aplicar o que aprendeu e talvez tenha ensinado. Não "entendo" esta fórmula, mas estou "desculpada", julgo, porque sou "menina" de Letras, todavia, cultura geral exige-se! Ah, já nada se pode exigir! Agora, é tudo por acordos . Então, se tiveres boas notas, os pais oferecem-te o smartphone, que tu queres, por exemplo.

    É verdade. O mundo está em mudança, já dizia o poeta no século XVI, mas o Homem edifica a sua própria desedificação, mas não dá por isso e cada vez comete mais disparates a todos os níveis, pensando que está a avançar e a melhorar. Ingénuo!

    Libertinagem é o que não falta nos nossos dias. Igualdade, nunca será possível, pelo menos neste sistema de coisas. Estou a lembrar-me, a propósito de Igualdade, do maior ditador da História, Estaline, que vivia bastante bem e se rodeou de luxo, mas teoricamente apregoava igualdade para o povo (seria ele nobre?). Contradições de(mentes) putrefactas! "A talho de foice": quando um dos seus filhos se tentou matar com um tiro, devido às atitudes tirânicas de seu pai, mas felizmente ele não tinha jeito para armas e o tiro passou-lhe ao lado, Estaline ao ver o cenário, afirmou, mais ou menos isto: nem para te suicidardes tens jeito, quanto mais matares outros. Sem comentários!


    Já li mais publicações da Maria João, aqui, e fiquei de "queixo caído". Parabéns pela sua excelente escrita!

    Um beijo com elevada estimada e consideração.

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    Respostas
    1. Grata pelo seu extenso comentário, Céu, fico contente por saber que este meu espaço lhe agradou, embora eu o tenha criado sobretudo para poder comentar um ou outro blog da Blogspot sem ter de recorrer à opção "comentar como anónimo".

      Não estudei mais Físico-Química do que aquela que pode ser exigida a um qualquer aluno do antigo segundo ciclo do ensino liceal - mas tenho pena... - e não saberia resolver a fórmula meramente ilustrativa com que "enfeitei" este soneto.

      Também não me parece que estejamos a caminhar para a igualdade. Não se edifica a igualdade sobre os alicerces do capitalismo e é, infelizmente, sobre eles que estamos a tentar (?) edificá-la.

      Voltando a este específico blog, nem sequer estava a pensar em dar-lhe continuidade, mas é possível que venha a reformular esta minha decisão.


      Outro beijo para si.

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    2. De nada, Maria João! Eu tenho dificuldade em ser sucinta, embora eu saiba que uma única palavra pode dizer muito.

      Agradou-me imenso, sinceramente. A sua escrita é excelente e por isso tem recebido prémios. Vive, provavelmente, na linha do Estoril, como me disse a pesquisa que fiz acerca da senhora, como escritora.

      2º ciclo é o antigo 5º ano do liceu? Eu sempre fui muito má aluna a Matemática e a Física. Em Química, razoável.

      Maria João, igualdade nunca irá haver. Perdoe-me dizer-lhe o que vou proferir, neste caso, escrever: isso é uma utopia. Não conheço, nem estudei nenhum país/civilização onde este lema da Revolução Francesa existisse. Decerto, que não está a pensar na Coreia do Norte, pois não?

      Dê continuidade a este blogue, porque aquilo que escreve não é brincadeira com as palavras.

      Agradeço a sua visita, embora sem qualquer comentário. Diga, se pretender, o que sente ao ler o que escrevo.

      Um beijo com elevada estima.

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    3. Céu, vivo na Linha de Cascais, em Oeiras, e sim, o 2º ciclo é, efectivamente, o antigo quinto ano do liceu. Só até esse ano as Ciências Físico-Químicas eram obrigatórias, mesmo para quem, como eu, viesse a escolher uma área de letras para o ensino complementar.

      Não sei a que propósito virá a sua referência à Coreia do Norte, apenas acredito que, com maiores ou menores trambolhões pelo meio, a espécie humana tenderá a evoluir e no meu conceito de evolução não cabem as obscenas desigualdades sociais que agora vivemos.

      Quanto aos comentários, não sou nada boa nessa área, acredite.

      Grata pelo seu interesse, retribuo com outro beijinho.

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